Evento organizado pela Beauty Fair, em parceria com a L’Oréal Brasil, mostrou as oportunidades para o setor de beleza e de perfumaria nesse período de pandemia. Gustavo Chapchap, diretor de marketing da JET, foi um dos participantes do encontro.
Períodos de crise, como o que estamos atravessando, exigem que as empresas reinventem, busquem novas formas de cuidar da operacionalização dos seus negócios.
O momento atual não tem sido fácil para as organizações, até porque as mudanças aconteceram de forma muito rápida. De uma hora para outra, várias atividades tiveram que fechar suas lojas físicas e foi preciso encontrar novas formas de fazer a venda de seus produtos e serviços.
Para discutir o que tem acontecido especificamente na área de beleza e perfumaria, a Beauty Fair, que organiza a principal feira de beleza profissional das Américas, realizou no dia 14 de maio um evento online. O encontro, realizado em parceria com a L’Oréal, reuniu um grupo qualificado de especialistas para discutir as saídas que têm sido adotadas pelo segmento.
Joana Fleury, diretora de desenvolvimento de negócios da L’Oréal, lembrou que a transformação digital já era uma realidade para a marca antes da atual crise. Segundo ela, na China, por exemplo, mais de 40% do faturamento da empresa vem do e-commerce.
Há alguns anos a marca também investiu no desenvolvimento de ferramentas como o Virtual Try on, que permite que a consumidora tenha experiências virtuais com os produtos de maquiagem da marca.
“A empresa rapidamente entendeu que este era o futuro e se digitalizou”, comentou, observando que o esforço nesse momento é no sentido de ajudar seus parceiros de negócios, encontrar formas de apoiar, por exemplo, os salões de beleza.
Entre os projetos nesse sentido, ela citou o Beleza Amiga #juntospelosalao, movimento realizado a partir da parceria entre a L’Oréal Produtos Profissionais, a Trinks e a Stone.
Mostrando a força do setor de beleza, Joana revelou que foram vendidos, logo no lançamento da campanha, mais de 1,5 mil vouchers para serem usados até o final do ano nos salões de beleza cadastrados no movimento.
Ações do tipo são importantes para apoiar financeiramente os profissionais (que têm como garantir pelo menos uma parte da sua renda), mas também têm impactos positivos na fidelização dos clientes.
O que acontece no pós-pandemia?
Compartilhando a experiência da L’Oréal em outros países que já estão em processo de abertura, vivendo o pós-pandemia, Joana revelou que a categoria beleza é uma das que têm retomado o consumo de forma mais rápida. “O uso dos produtos vai além do aspecto funcional, é uma expressão de autoestima. Depois de tanto tempo em casa, as pessoas querem se arrumar. Portanto, a reconexão com o universo de beleza acontece de forma natural”, explicou.
A profissional também observou que os monitoramentos mundiais da companhia mostram que online permanece. Ou seja, a consumidora que aderiu às compras online no período da pandemia tende a manter o hábito, ainda que volte a frequentar suas lojas físicas preferidas.
“Percebemos também que nesse ambiente online as pessoas tendem a valorizar as marcas mais fortes, pela questão da confiança”, afirmou, enfatizando que as pesquisas realizadas pela marca também mostraram a força das ações promocionais. “Consumidores estão mais sensíveis ao prazo de pagamento, descontos e ações do tipo ‘leve mais, pague menos’. É importante, então, ter mais atenção com as estratégias que serão adotadas”, aconselhou.
Como acelerar as vendas
Mariana Castriota, do Magalu Marketplace, compartilhou com os participantes da live as ações que a empresa vem adotando para apoiar os micros e pequenos empreendedores.
Segundo ela, há alguns meses o Frederico Trajano já tinha lançado um desafio interno para estimular o desenvolvimento de projetos que ajudassem os pequenos negócios do país nesse processo de transformação digital.
O Magazine Luíza começou o processo de digitalização há algum tempo e os resultados têm sido excelentes: em 2019, por exemplo, o e-commerce respondeu por mais de 40% do faturamento.
O objetivo era ter uma ferramenta para os “sellers analógicos”, considerando que eles são bem numerosos no mercado brasileiro.
Pelos cálculos da empresa existem hoje no país 4,5 milhões de MEIs e Simples Nacional, mas apenas 50 mil usam plataformas digitais. “Sabíamos que era preciso, até pela mudança no comportamento do consumidor, trazer essas operações para o digital”, comentou Mariana, lembrando que a multicanalidade é fundamental, em virtude da multiplicação de oportunidades.
Esse projeto de “alfabetização digital” teve início em 2019 e a previsão era lançá-lo no final de 2020. “Com a chegada da Covid-19 e os inúmeros problemas enfrentados pelo comércio, resolvemos acelerar o lançamento, que aconteceu no final de março, a toque de caixa”, relatou.
Segundo ela, hoje já são quase 30 mil CNPJs cadastrados no Parceiro Magalu, resultado excelente, uma vez são operações que estavam distantes do universo digital. “Foi gratificante ver o pessoal conseguir se plugar e começar a vender”, diz, lembrando que a experiência agora tem se multiplicado para ajudar na capacitação das lojas.
“Temos falado internamente que este é o momento de ‘demitir o ego’, realizar trabalhos conjuntos, buscar essa reinvenção”, diz Mariana, observando que tem sido gratificante acompanhar as histórias de sucesso das lojas.
A profissional destacou que o segmento de perfumaria é um dos que mais crescem, uma vez que as pessoas têm buscado coloração, maquiagem, hidratantes, etc. “O crescimento no último Dia das Mães foi de 20%, então, vemos que essa área tem muito potencial, existem boas oportunidades”, afirma.
Foco nas oportunidades
Enfatizando a relevância do digital, Tiago Baeta, diretor do E-commerce Brasil, observou que, mesmo com o crescimento do digital no Brasil nos últimos anos, ainda existe muito espaço para o seu desenvolvimento. “Não representamos ainda nem 5% das vendas do varejo, índice bem abaixo do registrado em outros países”, comentou, salientando que é natural que exista certa resistência, mas que a quebra de barreiras tende a acelerar a partir de agora.
Segundo ele, o Brasil tem excelentes fornecedores para apoiar a entrada das empresas no ambiente digital, que vai muito além do e-commerce. Ele se refere, por exemplo, às inúmeras oportunidades não apenas para a venda, mas também para trabalhar melhor as estratégias de marketing e de comunicação. “Ao começar as vendas pela internet as empresas vão conseguir melhorar os seus negócios em várias frentes”, argumentou.
“O que era cereja do bolo passou a ser o arroz com feijão”, brincou Baeta, lembrando que os novos empreendedores digitais estão sendo muito bem recebidos, uma vez que as empresas estão preparadas para ajudá-los a aproveitar melhor os recursos disponíveis.
As oportunidades que se apresentam nesse momento para o mercado também foram os principais aspectos destacados por Gustavo Chapchap, diretor da JET.
Refletindo sobre o que o mercado pode esperar no período pós-pandemia, o executivo afirmou que é importante considerar que a expansão do público presente no e-commerce é irreversível.
Ele considera que, além da geração Z, deve-se levar em conta também a adesão das pessoas com mais idade. “A busca nesse momento foi por causa da pandemia, mas esse público não irá abrir mão das facilidades do e-commerce. Estão tendo a experiência e apreciando”, explicou.
Considerando que se trata de um processo irreversível, Gustavo pondera que ferramentas como o ZapCommerce são importantes porque permitem que a empresa converse com o cliente no tom que ele anseia. Se a pessoa prefere áudio, é esse o meio que deve ser empregado. Nada pode ser feito de modo invasivo.
Outro ponto importante, destacado por Gustavo e pelos demais especialistas, é que hoje o consumidor não compra por causa do canal, nem mesmo do produto, e sim em virtude da experiência. “Não tem nada a ver com o físico ou o digital. A prioridade é resolver o problema do cliente, solucionar a sua dor”, argumentou o especialista.
Gustavo foi categórico ao analisar o que deve acontecer no período pós-pandemia: empresas devem sair fortalecidas se conseguirem ter mais atenção aos dados dos clientes. “Quanto mais dedicação a esse tipo de análise, menores os custos das operações. Quando a loja consegue abordar o cliente no canal certo, do jeito correto e com a mensagem adequada, o ganho acontece naturalmente. O cliente deixa de basear a sua escolha no preço”, enfatizou.
No encerramento do evento, os profissionais deixaram uma mensagem clara: o momento pede mais experimentação. “Estamos todos aprendendo juntos, então, ninguém deve ter medo de errar”, argumentou Baeta, chamando a atenção também para a importância do trabalho colaborativo entre as empresas.
Para o pequeno negócio, Gustavo lembrou que existe nesse momento um leque maior de oportunidades, uma vez que eles têm mais agilidade para inovar.
O evento da Beauty Fair foi moderado por Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair, e contou também com as participações de Rafael Forte e Alfredo Soares, da Vtex, e de Karina Melo, que é gerente de marketing da Beauty Fair.