O sucesso do TikTok está expresso em seus números: segundo relatório do DataReportal, a plataforma supera 1,5 bilhão de usuários ativos mensais no mundo.
O Brasil manteve-se numa posição de destaque em 2025, com a terceira colocação no ranking, com 91,7 milhões de usuários com 18 anos ou mais, atrás apenas dos Estados Unidos e da Indonésia.
Para se ter ideia da relevância da plataforma, a estimativa é que os as publicações do TikTok alcancem hoje 56,4% dos adultos brasileiros (18+).
Um dos pontos centrais do avanço da plataforma é, certamente, o fato de a rede social ter conseguido, nos últimos anos, ampliar sua atuação para áreas além do entretenimento. O foco, cada vez mais, é a geração de receita por meio da criação de conteúdo digital.
O excelente desempenho do TikTok Shop em todo o mundo é uma boa prova de que a audiência valoriza esse tipo de abordagem. No Brasil, lançado em maio de 2025, o canal já movimenta aproximadamente US$ 46 milhões por mês no país.
Esses dados são do relatório Itaú BBA, que traz outros insights importantes sobre o canal: no Brasil, 50% das vendas vêm do marketplace (aba Shop), e não de vídeos curtos ou lives.
Este é um fato relevante quando se analisa a performance da plataforma, na medida em que esse tipo de comportamento se traduz em conversões mais consistentes, por não serem altamente dependentes do conteúdo gerado.
Em termos de categorias que mais têm se destacado nessas primeiras experiências com o TikTok Shop, beleza e cuidados pessoais lideram com 21% das vendas, seguidas de vestuário feminino, produtos digitais e saúde e bem-estar.
No Brasil, essa análise sobre o desempenho comercial da plataforma também precisa incluir o fato de o Brasil ser considerado um dos mercados “testes” do TikTok para publicidade.
E existe uma boa justificativa para isso: a plataforma domina entre os jovens e, consequentemente, tem um papel muito importante para moldar comportamento e tendências de consumo.
Por que precisamos analisar o desempenho do TikTok Shop?
Como era de se esperar, o ecossistema do e-commerce acompanha de perto essa movimentação da plataforma, uma vez que, com os recursos de venda, o canal torna-se concorrente direto dos grandes players de marketplace, como Mercado Livre, Shopee e Amazon.
Essas grandes operações estão de olho nos avanços e, claro, investindo para aprimorar a relação mantida com os consumidores para assegurar suas respectivas fatias de mercado.
Até pela maturidade exigida das empresas que atuam no digital, contudo, não há mais espaço para se pensar em adotar uma estratégia em detrimento da outra.
Se o foco da operação é o consumidor, as marcas devem primar pela sua conveniência. Ou seja, devem atentar para o que importa, naquele momento, na sua jornada de compra.
Esse é o mesmo raciocínio que sustenta a importância dos próprios marketplaces. Quem tem um e-commerce deve atuar de forma integrada com esses grandes players, mas sem abrir mão de investir na sua loja.
Neste contexto, também não faz sentido que as vendas sejam centralizadas apenas no TikTok Shop.
Por mais sucesso que a marca obtenha, principalmente nesse início de operação, quando várias vantagens são oferecidas aos varejistas, ainda é a plataforma de um terceiro, com todos os riscos que isso implica.
Nem precisamos ir muito longe nessa análise. Nos EUA, os embates continuam acirrados sobre a operação no país. Em setembro, o prazo da negociação com o governo americano foi estendido até dezembro.
Pela importância da plataforma no mercado norte-americano, são altas as chances de que cheguem num acordo que mantenha o TikTok, ainda que sob novas condições, mas é óbvio que essa situação de instabilidade não é boa para os negócios.
De qualquer forma, o mais importante neste momento é que os e-commerces analisem os aspectos que têm atraído o público.
A inovação está em colocar mídia e marketplace em um único lugar!
E, neste caso, o importante é investir cada vez mais nas estratégias de integração entre conteúdo e comércio.
A principal mudança é que as redes sociais deixaram de ser só mídia: são canal de venda direta. Ou seja, a loja pode estar no feed, nos Reels e no carrinho ao mesmo tempo.
No caso do TikTok, um dos atrativos são os diferentes formatos para se promover a venda.
Com as lives, o e-commerce pode fazer transmissões ao vivo, mostrar seus produtos em ação, conversar com a audiência e fechar a venda em tempo real.
É uma vantagem importante, também, ter a possibilidade de adicionar ícones de carrinho aos vídeos para que os usuários possam assistir e comprar.
O mesmo raciocínio vale para a “vitrine no app”, que permite exibir produtos no perfil e personalizá-lo para a experiência de compra.
E, por último, a aba Shop, idealizada para que o e-commerce exiba seus produtos num marketplace centralizado dentro do TikTok, permitindo que os clientes descubram e comprem diretamente.
O desempenho do TikTok no Brasil
Quando olhamos para o crescimento acelerado do TikTok, sabemos que a interface, com todas essas possibilidades de formatos, e os algoritmos de recomendação contribuíram para o crescimento da base, principalmente de usuários jovens.
Mas hoje o alcance da rede se estende a diferentes faixas etárias. Estudo da Opinion Box, com dados atualizados para 2025, indica que 78% dos brasileiros usam o aplicativo diariamente, sendo distração e diversão as principais motivações (62% e 53%, respectivamente).
Apesar do alto alcance, o cenário ainda é de crescimento para a plataforma. Neste estudo, 51% dos entrevistados afirmaram que usam mais a plataforma do que há 1 ano e que a expectativa é de elevar o uso nos próximos 12 meses – apenas 13% indicaram que pretende diminuir a utilização da plataforma.
Um dado relevante: apesar do apreço à rede, apenas 16% dos usuários possuem perfil comercial, indicando potencial para maior participação de marcas e criadores.
Sobre comportamento do usuário, 57% já assistiram às transmissões ao vivo e a maioria consome conteúdo passivamente.
Como enfatizado no relatório, o TikTok não só conquistou espaço na rotina dos usuários, como também superou a desconfiança inicial de muitos. Sua capacidade de prender a atenção e gerar engajamento se reflete nos dados: é uma das redes mais impactantes para o consumo de vídeos curtos e disputa diretamente a preferência do público com o Reels do Instagram.
Os temas de maior interesse são celebridades (22%), pets (21%), religião (21%), arte (14%), entre outros.
A influência do TikTok em decisões de compra é cada vez mais acentuada:
– 45% dos usuários seguem marcas ou empresas na plataforma;
– 36% já compraram produtos após descobrirem no TikTok;
– e 41% seguiram recomendações de pessoas na rede.
A análise dos dados indica que ainda há muito espaço para ser conquistado pelas marcas que podem expandir sua presença e relevância na plataforma.
Neste caso, a recomendação é apostar na interatividade e na autenticidade, características valorizadas pelos usuários da rede.
Veja esse dado: a autenticidade e a transparência de influenciadores ao informar sobre conteúdos patrocinados são valorizadas (77%), e 44% consideram anúncios desse tipo interessantes.
Produtos de beleza, moda, alimentação, casa e decoração, saúde e bem-estar, educação, tecnologia, viagem e turismo e artigos esportivos estão entre os mais comprados, conforme indica o relatório da Opinion Box.
Essas categorias são fundamentais também para o crescimento das lojas virtuais que devem se inspirar nas estratégias realizadas na plataforma para aprimorar cada vez mais as experiências de compra de seus clientes, independentemente de onde elas aconteçam.
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Artigo originalmente publicado em E-commerce Brasil.