Num cenário desafiador como o enfrentado pelo e-commerce, com pressões em várias frentes, a gestão de estoque é estratégica para as empresas.
Na prática, isso significa que as operações devem refinar as táticas adotadas no curto, médio e longo prazos.
O que tenho visto, entre nossos clientes, é que análises superficiais dos dados podem gerar problemas sérios, com erros graves no direcionamento das estratégias.
Por exemplo, é comum indicarmos ao cliente que a queda de vendas está relacionada ao estoque, mas ele responder que tem um estoque que representa, em termos de valor monetário, três meses de vendas no e-commerce.
Contudo, numa análise mais cuidadosa, ficou comprovado que os produtos de giro rápido haviam acabado, e o valor apontado era uma composição de sobras acumuladas. Em calçados, por exemplo, SKU’s com numeração muito baixa ou muito alta.
O fundamental, então, quando olhamos para essa questão, é perceber a necessidade de entendermos melhor o contexto dos dados gerados pelos relatórios.
Em muitos casos, as informações quantitativas não são suficientes para revelar se o estoque é saudável para a operação.
Como citamos acima, é possível ter um alto valor de potencial de venda, contudo, isso não se concretizará em vendas se o gestor deixar de analisar questões simples, como a disponibilidade dos itens com mais saída.
Nesse caso, a falta de giro do produto pode ser creditada a outros fatores, quando, na verdade, tem relação com a impossibilidade de o e-commerce atender à demanda “real” do seu público.
Análises precisam ser mais estratégicas
Quando pensamos numa atuação mais estratégica, uma das questões essenciais é lidar com as diferentes demandas das operações omnichannel.
Soluções como a de “prateleira infinita” ajudam bastante nesse processo, uma vez que a empresa consegue administrar as vendas de forma integrada.
E, como pode se deduzir, a sincronização de dados melhora também a capacidade de planejamento da empresa.
Com um bom histórico de movimentações, é possível prever picos de demanda, preparar a operação para datas sazonais etc.
Contudo, para que a operação possa ter um trabalho mais ativo, é fundamental que as análises levem em conta o que acontece em cada canal.
Redobrar a atenção com as particularidades do e-commerce, da loja física, das redes sociais etc. é uma medida importante no planejamento das ações que serão realizadas para manter o estoque saudável.
Excesso de produtos no estoque nem sempre é vantajoso para o negócio, uma vez que isso pode envolver custos adicionais para a operação.
Como as margens de lucro, na maioria das empresas, não são altas, essa situação também pode gerar falta de caixa para investir em produtos que teriam mais saída.
Em algumas categorias de produtos, aliás, itens parados no estoque significam prejuízos na certa, uma vez que, com o passar do tempo, há uma perda de valor.
É o caso da área de moda, quando considerados os itens de vendas sazonais. Se a loja não conseguir fazer a venda em determinado período, pode ter problemas para recuperar o investimento, em razão da obsolescência.
Gestão de estoque como vantagem competitiva
Em contrapartida, ao monitorar a movimentação do estoque de forma adequada, a empresa tem condições de realizar ações direcionadas para os seus objetivos naquele momento.
Neste sentido, vale lembrar que uma gestão de estoque eficiente é aquela que se adapta às condições do mercado, explorando melhor as oportunidades.
No final, o que precisamos considerar é que, além do impacto financeiro, o objetivo é proporcionar a melhor experiência possível para o cliente.
Hoje as empresas contam com soluções eficientes para fazer o controle do inventário, previsão de demanda e planejamento dos pedidos.
Os recursos automatizados são fundamentais na execução dos projetos, mas terão pouca utilidade se o gestor não conseguir ter uma visão mais estratégica.
Adotar os devidos cuidados com essa área rendem excelentes resultados também para que a empresa consiga organizar melhor suas compras e a própria relação mantida com os fornecedores.
O cenário de alta pressão do e-commerce exige que as operações invistam em táticas que lhe permitam ganhar vantagem competitiva.
Como adotar diferentes estratégias
Entendo que a gestão de estoque deve ser realizada com esse intuito. O planejamento de uma ação que envolva desconto, por exemplo, não deve ser realizada apenas visando o aumento do caixa da loja.
Se não considerar a necessidade de manter o estoque saudável, a empresa corre o risco de ter prejuízos, em vez de lucros.
Produtos com alta saída são prioritários para qualquer loja e, muitas vezes, sem o planejamento adequado, são justamente esses que são colocados numa promoção.
As vendas serão elevadas, mas a que preço? Os resultados imediatos podem ser satisfatórios, porém a marca pode ficar sem aquele item para atender à demanda da sua base.
Neste caso, então, pode até haver a atração de novos consumidores, mas muitos deles podem ter decidido realizar a compra apenas pela questão do preço e não voltarão à loja caso ela não mantenha a condição praticada no período promocional.
Por outro lado, não faz sentido deixar de agir quando há na loja um estoque inativo, ou seja, produtos pouco vendidos ou descontinuados e que acabaram se tornando obsoletos dentro do estoque.
Esses itens são uma oportunidade para ações promocionais como queima de estoque.
Mas se a empresa demorar para tomar essa decisão, contudo, pode complicar ainda mais a situação.
Uma demanda prevista e não atendida gera prejuízos pela perda do capital investido, mas também por se correr o risco de não atender à expectativa do cliente.
A base de um trabalho bem-feito nessa frente do negócio depende, claro, do uso da tecnologia, de políticas bem definidas, mas, principalmente, de uma abordagem proativa no planejamento e no monitoramento.
Há pouca margem para erro no e-commerce, então, a gestão de estoque precisa considerar a importância do acompanhamento contínuo. As ferramentas ajudam, mas elas não são suficientes para o direcionamento das estratégias.
As análises dos relatórios de vendas devem trazer insights que resultem em mudanças no gerenciamento do processo ou até mesmo na estratégia da empresa.
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Artigo originalmente publicado em E-commerce Brasil.