Importada dos Estados Unidos desde 2010, a Black Friday já conquistou os brasileiros. Se aqui a data é importada – embora o Dia de Ação de Graças exista também por aqui não é nem de longe tão importante quanto por lá – os descontos e a correria para as compras estão ficando bem parecidos.
A data é sinônima de Dia de Ação de Graças (a quarta quinta-feira de novembro) nos Estados Unidos, mas existem muitos mitos sobre a origem do evento de compras – alguns vão até o começo do século XIX.
As raízes estão na Filadélfia. Em 1950, a polícia da cidade de Brotherly Love usou o termo para descrever a horda de compradores dos subúrbios que foram à cidade nos dias que seguiram ao feriado de Ação de Graças, segundo Bonnie Taylor-Blacke, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte. A cidade promovia grandes liquidações e vendas de artigos para decoração antes dos jogos de futebol entre Marinha e Exército no sábado.
“É um problema duplo. Os guardas de trânsito precisam fazer turnos de 12 horas, ninguém sai e as pessoas lotam as calçadas, estacionamentos e ruas. Os policiais tinham que lidar com isso e forjaram a expressão”.
Os varejistas da cidade começaram a usar o termo para descrever as longas filas e a loucura de compras que invadiam suas lojas. “Se tornou uma referência cômica ao centro de Filadélfia logo depois do Dia de Ação de Graças”.
Em 1961, houve uma tentativa de rebatizar o dia como a “Grande Sexta-Feira” (Big Friday), em inglês. Segundo a pesquisadora, era uma tentativa de eliminar os significados negativos que faziam com que as pessoas evitassem ir à cidade.
O esforço não deu certo. Então os varejistas resolveram aderir ao nome e expandiram a maratona de compras para quatro dias. A expansão para além da Filadélfia aconteceu depois de 1975.
A Black Friday é em geral confundida por ser batizada como o dia em que as empresas conseguiam o lucro do ano inteiro. Os varejistas anotam perdas em vermelho e ganhos em preto. “Mas isso não tem nada a ver com o surgimento do dia”, diz Taylor-Blake.
Existe outro mito mais recente de que o termo faz referência ao dia em que os escravos eram vendidos com descontos no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças – outra mentira, segundo Taylor-Blake.
Desde o ano 2000, a Black Friday marca o início da temporada de compras de Natal nos Estados Unidos. A razão da correria? Em um país onde não existem muitos feriados prolongados (os feriados são sempre transferidos para segundas ou sextas-feiras por lá), o Dia de Ação de Graças sempre significou quatro dias de folga. E a sexta-feira é o dia em que as pessoas vão às compras, preparando os presentes de Natal.
Nos EUA, a Black Friday de 2014 girou “só” USD$ 50,9 milhões, 11% a menos que em 2013. No Brasil, a data começou como uma promoção online e já começou a invadir o varejo físico. Em 2014, segundo o e-bit, a data faturou R$ 1,16 bilhões, com tickets médios de R$ 522 e aumento de 51% em relação ao anterior.
Aqui no Brasil, o BuscaDescontos faz um cadastro para que consumidores recebam as ofertas antecipadamente. Há também a iniciativa Black Friday Legal, da câmara e-net. Afinal, a Black Friday no Brasil acontece majoritariamente online.
Fontes: CNN, BlackFriday.com, Wikipedia
Foto: Simon Greig Photo via Compfight cc