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Operação, Logística e Estoque

O e-commerce tem muito a ganhar com a inclusão dos 50+ em suas equipes

No e-commerce, ainda que mediadas pela tecnologia, temos que pensar que as vendas são feitas de pessoas para pessoas, portanto, o capital humano das operações deve ser tratado de forma estratégica.

Neste contexto, é fato que a qualificação dos profissionais ganhou ainda mais importância nos últimos anos, uma vez que as vendas são cada vez mais norteadas pelo que acontece nas relações pessoais.

Desse modo, é urgente a reflexão sobre o perfil de quem está na linha de frente das operações de e-commerce.

Assim como ocorre em outras áreas, contudo, a gestão de equipes hoje é uma tarefa complexa, por uma série de razões.

Além da transformação digital, que tem alterado não apenas o ambiente de trabalho, mas as próprias relações estabelecidas entre os profissionais, convivemos com outra questão que tem desafiado a todos: o encontro geracional.

Lidamos com isso no dia a dia, quando focamos no comportamento do consumidor, mas os gestores ainda conferem pouca atenção aos impactos que isso gera nos times do e-commerce.

Num cenário ideal, há consenso que as empresas devem atuar com equipes mais diversas, procurando reunir profissionais de diferentes perfis etários, por exemplo.

Parece fácil no discurso, mas, nos negócios online, é comum a crença de que os times devem ser compostos essencialmente pelos mais jovens, uma vez que são eles que dominam melhor as especificidades desse ambiente, por serem nativos digitais.

Por que investir na diversidade das equipes?

Na condução dos projetos da loja virtual, a atenção exagerada na geração Z, por exemplo, pode ser um problema.

Há uma série de habilidades que são mais desenvolvidas nos profissionais da geração 50+. E não é apenas isso: as equipes tendem a evoluir muito a partir das trocas de experiências.

Então, no caso de times muito homogêneos em termos de faixa etária ou mesmo estilo de vida, corre-se o risco de perder a sintonia com as necessidades dos consumidores.

Este é um aspecto relevante neste debate: as equipes do e-commerce devem ser um reflexo do mercado de consumo.

Ou seja, se vendemos para pessoas de várias idades e perfis sociodemográficos, não faz sentido que os profissionais que estão na linha de frente da gestão da operação pertençam a apenas um grupo geracional.

Olhando para as habilidades requeridas dos profissionais do e-commerce, uma das mais importantes, diante da realidade do setor, é a capacidade analítica.

Nos últimos anos, temos visto a relevância obtida pelos dados na organização das vendas online. Eles são imprescindíveis para orientarmos as estratégias de conversão, mas terão pouca utilidade se não tivermos profissionais preparados para contextualizar as informações, transformando-as em aprendizados.

E, neste ponto, é fato que pessoas com 50+ são imprescindíveis para sermos mais eficientes nesse tipo de tarefa. A explicação para isso é simples: a sensibilidade desses profissionais para esse tipo de análise é mais acentuada.

Além da experiência de vida mesmo, temos que considerar que estamos falando de uma geração que passou por processos de formação diferenciados dos adotados nos últimos anos.

Vários estudos confirmam, por exemplo, que esse grupo tem mais facilidade para trabalhar em equipe e que possui mais experiência na tomada de decisão e na resolução de problemas.

A relação estabelecida com o trabalho também é diferente. Com isso, temos níveis menores de rotatividade, o que implica diretamente nos custos da operação, uma vez que a empresa gasta menos com recrutamento e treinamento de novos colaboradores.

Mão de obra disponível: 50+ estão em busca de novas posições

Quando olhamos para as possibilidades de atrair novos talentos nessa faixa etária, temos que reconhecer que, apesar de haver mão de obra disponível, nem sempre ela tem a qualificação necessária.

Dados do Ministério do Trabalho, divulgados no final de 2024, confirmam que hoje mais de 13 milhões de pessoas com mais de 50 anos trabalham no Brasil.

Contudo, ao se avaliar os postos ocupados, percebe-se que a maioria atua em serviços básicos de serviços, com baixa exigência de qualificação técnica.

A situação, claro, é resultado de questões estruturais do país, mas também demonstra a falta de reconhecimento e de valorização da contribuição desses profissionais para a economia e a sociedade como um todo.

As experiências nessa área mostram que as empresas podem ter um papel mais ativo nessa história, promovendo a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho e investindo na qualificação desses profissionais.

Deixar de lado a discriminação etária é o primeiro passo nesse processo. Outro ponto importante é o reconhecimento de que os profissionais querem continuar ativos e, para isso, precisam de planos de carreira que valorizem suas experiências.

Detalhe importante: a população 50+ é a que mais cresce no Brasil, até em razão da inversão da pirâmide etária que, segundo informações do Ministério da Saúde, deve acontecer em 2030.

Segundo os dados do último censo do IBGE, o Brasil registrou uma alta expressiva (57,4%) no número de idosos entre 2010 e 2022. Eles já representam 15,8% da população do Brasil – isso considerando as que têm 60 anos ou mais.

Refletindo sobre essa situação, é mais do que urgente que as empresas (e o governo) analisem esse processo de inclusão dos profissionais 50+ numa perspectiva mais estratégica.

Voltando ao segmento de e-commerce, abrir oportunidades de atração e retenção dessas pessoas significa contar com a contribuição de colaboradores produtivos e engajados na evolução das operações.

Esses profissionais, além de ajudarem a reforçar a diversidade das equipes, podem ter um papel decisivo para que o e-commerce consiga atender à demanda do mercado de consumo.

A geração baby boomers mantém-se como uma força poderosa na economia mundial e, no caso do Brasil, é fato que este grupo será cada vez mais relevante para as empresas.

O estudo “Hábitos de compra do consumidor 60+”, da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), indica que 83% dos consumidores 60+ são responsáveis pelo controle de suas próprias finanças e decisões de compra.

Promover a inserção dos 50+ nas equipes de e-commerce pode, então, ser decisivo para que as operações consigam ter uma gestão mais eficientes, considerando as habilidades desses profissionais e a contribuição deles para termos projetos mais adequados ao perfil da população brasileira.

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Artigo originalmente publicado em E-commerce Brasil.

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