Quem está preocupado com o desenvolvimento do seu negócio precisa arregaçar as mangas o mais rápido possível. Ao que tudo indica, os profissionais da área de e-commerce sabem que não têm tempo a perder se pretendem aproveitar as oportunidades que estão se abrindo para o setor em 2018.
Eles lotaram, no dia 30 de janeiro, o auditório do Cubo, na Vila Olímpia, em São Paulo. Atenderam ao convite da JET e-business, que organizou o evento “A evolução do e-commerce no Brasil – Perspectivas para 2018”, reunindo um time de especialistas do segmento para discutir as condições atuais (e futuras) da área.
Logo na abertura dos trabalhos, Pedro Guasti, CEO da e-Bit, apresentou um balanço bastante positivo sobre o setor, mostrando que o último trimestre de 2017 foi um período de forte reação do mercado. Os números finais ainda estão sendo fechados, porém, em termos de faturamento, 2017 deve registrar um crescimento de 10% em relação a 2016.
Outra boa notícia: a melhora nos índices de intenção de compra do consumidor. A pesquisa realizada pela e-Bit, em parceria com o IBEVAR (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), mostra que de cada 100 pessoas, 87 pretendem comprar algo no primeiro trimestre de 2018.
Não há muita novidade nos itens que aparecem como prioritários para o mercado consumidor. Eletroeletrônicos, eletrodoméstico e moda lideram o ranking dos setores mais citados, mas também figuram com destaque as áreas de informática, cosmético, perfumaria, casa e decoração. “Ano de Copa do Mundo costuma ser importante para a venda de eletroeletrônicos e 2018 não deve ser diferente. O brasileiro quer se preparar para assistir aos jogos”, enfatizou o especialista.
Ao analisar a movimentação financeira do e-commerce brasileiro em 2017, Guasti fez questão de destacar a importância da Black Friday. O crescimento das vendas, comparando com 2016, ficou em torno de 10%. A soma de dinheiro movimentada pelos lojistas foi bem considerável: R$ 2,1 bilhões durante o período da promoção — para se ter ideia, em 2012 o montante foi de R$ 600 milhões.
Para quem tem comércio eletrônico (ou pretende investir na área), é importante prestar atenção aos mercados regionais. Enquanto o Sudeste manteve-se praticamente estável, o Sul cresceu quase 60% e o Nordeste, 20%. Ou seja, há potencial para explorar melhor as vendas nessas regiões do país.
Perspectivas para 2018
O bom desempenho do e-commerce no Brasil em 2017 restaurou a confiança dos especialistas em relação ao desenvolvimento da atividade nos próximos anos, principalmente se forem confirmadas as perspectivas em relação à economia.
Como observou o próprio Guasti, as condições nessa área têm se mostrado mais favoráveis. Há boas chances de o PIB aumentar 3% e o ambiente inflacionário também é positivo.
Mas quem quiser aproveitar as oportunidades que estão surgindo para o comércio eletrônico precisa se preparar. Nem pensar, por exemplo, em trabalhar em ambientes não responsivos. O número de pedidos via mobile cresceu bastante em dezembro de 2017 e já representa 1/3 do total de pedidos.
A melhora das condições de acesso ao serviço de banda larga é um estímulo importante para a mudança de comportamento do consumidor, que também vai continuar valorizando, cada vez mais, operações omnichannel.
Segundo Guasti, as possibilidades nessa área ainda precisam ser tratadas com mais atenção pelo mercado. As pesquisas da e-Bit mostram que a divulgação das iniciativas omnichannel, mesmo para quem oferece a opção para o cliente, ainda é fraca. Por outro lado, os consumidores têm exigido mais integração.
Os lojistas também não podem abrir mão das oportunidades nos markeplaces (as grandes empresas nessa área lideram todas as pesquisas de top of mind) e, em termos de estratégias de vendas, é importante se preparar para aproveitar a Black Friday 2019.
Estamos falando de um período muito importante para as vendas e também de oportunidades de aproximação com o consumidor. Contudo, para que os negócios sejam bem-sucedidos, as lojas devem se preparar para oferecer no período a melhor experiência possível para o cliente.
Painel discute tendências para 2018
No painel organizado na sequência com um time de especialistas de diversas áreas de e-commerce, os profissionais também foram enfáticos ao defender a necessidade de os lojistas investirem mais nos negócios dessa área para obter resultados mais significativos.
O debate, moderado por Roberto Calderon (fundador do ecommerceCAMP), contou com a participação dos seguintes profissionais:
- Gustavo Chapchap (JET e-Business)
- Tiago Moraes (Agência ePlus)
- Iza Antunes (Selia – Full Commerce)
- Luis Lima (REDE)
- Gilmar Hansen (Clear Sale)
Numa discussão bastante rica sobre as perspectivas para a área de e-commerce no Brasil, os especialistas deixaram algumas questões importantes para a reflexão:
* mantém-se forte a tendência de investimento da indústria em operações B2C. A razão é óbvia: há uma redução considerável nos gastos necessários na aquisição de novos clientes.
* a área de segurança das lojas, cada vez mais crítica até em razão do crescimento do mobile, tem muito a ganhar nos próximos anos com o uso dos recursos de Inteligência Artificial (AI). Para se ter ideia, o emprego desse tipo de tecnologia reduz em até 60 dias o prazo de charge back.
* espera-se para 2018 maior concorrência entre os players que trabalham com meios de pagamento. O desafio para os players, nesse caso, é tornar as operações cada vez mais amigáveis, o que deve ajudar a melhorar a taxa de conversão das lojas no Brasil. Os profissionais que participaram do debate foram unânimes em relação ao assunto: o comércio eletrônico brasileiro precisa investir mais para melhorar os seus números. Especificamente sobre os meios de pagamento, há consenso que é urgente encontrar soluções que valorizem o cliente que quer fazer o pagamento das contas à vista.
* a comunicação tem um papel preponderante no sucesso dos lojistas, mas os resultados estão atrelados ao investimento. A preocupação, nesse caso, é que muitos empreendedores acabam entrando no setor por necessidade e não por vocação. Em outras palavras, não estão preparados para fazer a gestão das operações de forma profissional. Nesse sentido, as agências têm um papel importante no processo de catequização do mercado, até porque têm como orientar os lojistas sobre a necessidade de valorizar todos os aspectos do negócio.
* as soluções tecnológicas para a área de e-commerce têm evoluído bastante, em virtude até das condições técnicas que surgiram para o aprimoramento dos processos de gestão, vendas e comunicação das lojas. Para que o comércio eletrônico continue avançando, contudo, é importante valorizar as parcerias, os esforços conjuntos dos diversos players que formam o ecossistema do negócio. A união é importante não apenas para o desenvolvimento de soluções cada vez mais adequadas às condições do mercado brasileiro, mas também para ajudar na profissionalização do setor.
Numa análise mais geral sobre os resultados do evento, o que podemos afirmar que iniciativas como essa da JET e-business são importantes para ajudar no desenvolvimento do setor. Os participantes do evento saíram de lá com informações importantes sobre o que precisa ser feito para que a evolução do e-commerce no país seja contínua.