A 18ª edição da Pesquisa FGV-EAESP sobre o comércio eletrônico brasileiro fez um raio-X do setor – do crescimento aos processos a escola de negócios se dedicou a investigar os detalhes da operação no País.
Os dados apresentados permitem confirmar que o Comércio Eletrônico no Brasil está totalmente consolidado e é parte importante do mercado. As empresas investem de forma significativa e crescente neste novo ambiente, este investimento tem absorvido parte crescente dos investimentos em TI. Os resultados confirmam que as empresas estão tendo sucesso no uso de Comércio Eletrônico.
A Pesquisa considerou 532 empresas, dos vários setores econômicos, ramos de atividades e tamanhos, tanto nacionais como multinacionais, que operam no ambiente digital brasileiro.
Segundo os dados obtidos, o valor das transações de negócio-a-negócio (B2B) representa 76,18% do valor do mercado total, e entre empresas e consumidores (B2C), 48,18%.
Eles fizeram duas análises para mostrar isso. A primeira, com o tempo de existência deste ambiente, as suas evoluções, permite concluir que o e-commerce está sempre em movimento e o crescimento tente a ser mais efetivo e buscar o retorno dos investimentos feitos.
Embora o estudo não deixe claro o volume total de negócios em valores ou número de transações, os pesquisadores dizem que o volume de negócios iniciados no ambiente digital e finalizados no ambiente “tradicional” (físico?), apresentou índices significativos.
A segunda análise considerou o ambiente econômico, em que a crise econômica limitou o crescimento – e mostra o crescimento do setor mesmo diante da situação.
No ano 2015, considerando que os gastos e investimentos no e-commerce (e em TI) tiveram crescimento, mesmo que com índices significativamente menores do que os de 2014 notou-se que as empresas passaram utilizar as aplicações do comércio eletrônico para outros desenvolvimentos nos seus processos de negócio.
As empresas pesquisadas aumentaram seus níveis de gastos e investimentos em comércio eletrônico, atingindo a média geral de 2,26% do faturamento líquido, a indústria investiu 0,67%; o comércio, 2,12% e o setor de Serviços em 3,31%.
As aplicações mais intensamente utilizadas ainda são aquelas mais assimiladas, incluindo Home Page, E-mail e troca eletrônica de dados, e as inovações já são adotadas de forma ampla e consistente. As novas funcionalidades da internet, como mídias sociais, são usadas por boa parte das empresas.
A utilização das aplicações para a integração das empresas com seus fornecedores supera os 80% no setor de Comércio, sendo que esta integração inclui a troca eletrônica de dados com plataforma proprietária. Por outro lado, mais de 88% das empresas pesquisadas já utilizam estas aplicações na integração com clientes.
As empresas continuam utilizando as aplicações de comércio eletrônico principalmente nos processos de atendimento a cliente referentes a recebimento de pedidos, suporte à utilização e divulgação de informações. Em relação aos processos de cadeia de suprimentos, a maior utilização é para solicitação de suprimentos e envio de pagamento.
As empresas continuam avaliando como mais importantes os aspectos de alinhamento estratégico, relacionamento com clientes, adoção de clientes, comprometimento, e privacidade e segurança, o que é considerado coerente com a utilização atual e as tendências.
As empresas avaliam que as principais contribuições do comércio eletrônicoestão relacionadas com a melhoria das novas oportunidades de negócio, sua utilização como estratégias competitivas mais efetivas e aprimoramento do relacionamento com os clientes. Assim, as empresas entendem que precisam competir em todos os canais.
Os resultados permitem concluir que as empresas estão utilizando o e-commerce, passando a focar de forma mais alinhada às suas estratégias e aos seus processos de negócio, que são aqueles referentes ao relacionamento externo com seus clientes e fornecedores. Os esforços ainda devem se concentrar na utilização por todos os processos internos e integrá-los com os externos de forma automática, visto que o nível de integração cresceu mas ainda requer atenção.
Segundo o estudo, o comércio eletrônico cresceu expressivamente em 2015 no Brasil – em negócio a negócio, o conhecido B2B, os números chegaram a 76,18% no ano e no campo negócio a consumidor, o B2C, crescimento de 48,18% no ano – apesar de toda a crise econômica. O crescimento das transações entre empresas, 2,83% foi menor que o crescimento das transações com consumidores, de 5,01% – mas os valores do B2B são muito maiores.
As empresas em todos os setores aumentaram gastos e investimentos em e-commerce em relação à sua receita líquida, mas em índices menores que os do período 2013/2014. A crise também é a responsável, segundo da FGV-EAESP pelo crescimento maior de Serviços (5,08%) e Comércio (4,95%) do que da Indústria (4,69%). Na média, as empresas estão investindo em TI 8,41% do faturamento líquido. Embora os índices tenham crescido em 2015, seus números são parecidos com os registrados em 2009, segundo o estudo.
A utilização de infraestrutura da área cresceu para a maioria dos componentes, e a análise detalhada que envolveu itens como e-mail, home page, catálogo digital, mídia social, cartão de crédito, formulários, chat, smart card, e-cash, TV a cabo e e-check revelou que houve aumento em todos os acessórios, principalmente para o uso de mídia social (que ultrapassou os 70%) e os modelos de integração com pagamentos que ou mantiveram os níveis ou cresceram.
Na Tabela abaixo, você confere as descobertas da pesquisa e a evolução do mercado brasileiro de e-commerce.
Evolução (%) | Variação(%) | ||||||
Índices | 2007 | 2012 | 2015 | 2016 | 10 anos | 5 anos | 1 ano |
Nível de CE | |||||||
B2B | 33,45 | 67,39 | 74,08 | 76,18 | 128 | 13,0 | 2,83 |
B2C | 12,71 | 36,13 | 45,88 | 48,18 | 279 | 33,4 | 5,01 |
Média de investimentos | |||||||
Relacionamento | |||||||
Integração Automática Alto | 28,90 | 54,02 | 60,02 | 61,08 | 111 | 13,1 | 1,77 |
Relacionamento Fornecedores | 67,08 | 75,02 | 76,01 | 77,08 | 15 | 2,7 | 1,41 |
Relacionamento Clientes | 74,88 | 82,89 | 86,88 | 88,08 | 18 | 6,3 | 1,38 |
Utilização de CRM | 48,15 | 59,42 | 59,88 | 60,44 | 26 | 1,7 | 0,94 |
Utilização de SCM | 33,22 | 48,46 | 53,68 | 56,12 | 69 | 15,8 | 4,55 |
Aplicações | |||||||
Cartão de Crédito | 45 | 62 | 72 | 74 | 65 | 19,4 | 2,78 |
Catálogo Eletronico | 55 | 71 | 81 | 82 | 49 | 15,5 | 1,23 |
Formulário Eletrônico | 43 | 65 | 74 | 73 | 68 | 12,3 | -1,35 |
Processos | |||||||
Desenv. Prod/Serviço | 51 | 56 | 60 | 61 | 20 | 8,9 | 1,67 |
Desenvolv. Fornecedores | 36,23 | 37,63 | 44,11 | 52,68 | 101 | 40 | 19,43 |
Projeto e Desenvolv. | 12,33 | 23,31 | 28,89 | 33,08 | 168 | 41,09 | 14,5 |
Cadeia de suprimentos | 64 | 73 | 78 | 79 | 23 | 8,2 | 1,28 |
Solicitação suprimentos | 27,44 | 45,66 | 66,68 | 74,16 | 170 | 62,4 | 11,22 |
Envio de pagamentos | 23,32 | 32,21 | 47,69 | 49,72 | 113 | 54,4 | 4,26 |
Manufatura | 37 | 42 | 45 | 44 | 49 | 4,8 | -2,22 |
Logística interna, estoques | 8,12 | 15,66 | 30,13 | 35,44 | 336 | 173,7 | 22,79 |
Logística ext, estoques produtos acabados | 6,33 | 10,59 | 23,62 | 28,99 | 358 | 173,7 | 22,73 |
Atendimento ao cliente | 92 | 94 | 97 | 97 | 5 | 3,2 | 0,00 |
Recebimento de pedidos | 36,89 | 65,11 | 75,02 | 75,99 | 106 | 16,7 | 1,29 |
Suporte ao uso | 32,23 | 45,76 | 68,02 | 75,18 | 133 | 64,3 | 10,53 |
Divulgação de informações | 29,98 | 54,22 | 76,32 | 80,54 | 169 | 48,5 | 5,53 |
Fonte FGV-EAESP_GVCIA
Imagem: Joe The Goat Farmer via Compfight cc